Penálti ou não?









Ainda hoje é-me difícil avaliar. Há dias em que me inclino para o sim, há outros em que nego positivamente o apito do árbitro mexicano Codesal. Falo do penálti do Mundial-90, de Sensini sobre Völler, faz hoje 30 anos. Quer dizer, estou a puxar pela Alemanha nessa final com a Argentina e só desejo o fim do tormento – tanto o jogo como o próprio Mundial. A minha paixão é Kundé, Makanaky, Omam-Biyik e Milla. Ya, Camarões.

Eliminados num jogo sensacional, talvez o mais sensacional de todos em 1990, vs Inglaterra, meto a viola no saco e só espero o final (im)pacientemente. A pachorra é mínima, mais ainda quando a burocrática Argentina passa todos os obstáculos sem justiça por aí além. Embora o 1-0 ao Brasil tenha a sua piada, tal como a decisão por penáltis vs Itália. Já a eliminação da Jugoslávia é menos bem digerida. Regra geral, gosto dos jugoslavos. Jogam com tudo, sempre para a frente, nem que seja aos repelões. Quando se juntam muitos craques num só onze, a habitual fúria adensa-se e o toque de bola sobressai com notável simplicidade.

Adiante, a Argentina vai à final. A Alemanha idem idem. Só falta o aspas aspas. É a reedição da final do Mundial anterior, na Cidade do México, em 1986. Aí, o seleccionador Beckenbauer faz de Matthäus a sombra de Maradona. Só até ao 2-0 de Valdano. Depois, Matthäus adianta-se e passa para 8, enquanto Magath avança para 10. A RFA aproxima-se da área argentina e chega ao empate num piscar de olhos, por Rummenigge e Völler. O prolongamento é uma realidade. Ou não. Como no lance do golo mais genial de sempre, Enrique recupera uma bola e, em vez de a chutar para as couves, passa-a redonda para Maradona. O 10, com espaço, ouve Burru nas suas costas a pedir-lhe uma desmarcação. Maradona nem pensa duas vezes. Tic. Burruchaga corre como se fosse Usain Bolt, perseguido pelo incombustível Briegel, armado em Ben Johnson (o do doping nos Jogos Olímpicos-88). No quadradinho seguinte, Burru corre a festejar o definitivo 3-2 após um passe para a baliza à saída de Schumacher.

Passam-se quatro anos. Em Itália, a selecção argentina é assobiada sempre. E mais ainda na final, em Roma. Porque a Argentina eliminara a Itália, em Nápoles (casa de Maradona). Porque a Argentina eliminara a Itália, em Nápoles (casa de Maradona). Porque a Argentina eliminara a Itália, em Nápoles (casa de Maradona). Porque a Argentina eliminara a Itália, em Nápoles (casa de Maradona). Porque a Argentina eliminara a Itália, em Nápoles (casa de Maradona). Porque a Argentina eliminara a Itália, em Nápoles (casa de Maradona). Porque a Argentina eliminara a Itália, em Nápoles (casa de Maradona). E porque a Argentina eliminara a Itália, em Nápoles (casa de Maradona). Basicamente é por isso.

Beckenbauer, ainda e sempre o seleccionador da Alemanha, rectifica a táctica de 1986. Matthäus, demasiado influente na manobra de distribuir bolas para os avançados Klinsmann e Völler, só joga para a frente. Quem marca Maradona é Buchwald, Guido Buchwald. É um médio de cobertura perfeito. Anula Maradona uma e outra vez. E já se sabe: sem Maradona, a Argentina vive única e exclusivamente para a eficácia do guarda-redes Goycoechea no desempate por penáltis. Que o digam Jugoslávia e Itália. Tal não chega a acontecer. O desempate, queremos dizer. Porque o penálti está lá. Só um. Aquele apitado sem hesitação por Codesal, após falta (?) de Sensini sobre Völler. É ou não?

Ainda hoje. É puxado. Não consigo decidir-me. Por muitas repetições, zero conclusões absolutas. Por isso mesmo, seria incapaz de apitar falta de Sensini. Pronto, hoje acordei para este lado. Quem marca os penáltis da Alemanha é Matthäus. Nos quartos de final, por exemplo, o 1-0 à Checoslováquia é selado pelo número 10 da marca dos 11 metros. Na final, é Brehme. Então? Matthäus rebenta as chuteiras ainda na primeira parte e troca-as ao intervalo. As novas adaptam-se mal aos pés durante a segunda parte. O risco é enorme, a 11 metros da glória e a escassos minutos do fim. Avança Brehme. Que é esquerdino. Ou melhor, ambidestro. Atira com o pé direito, Goycoechea estica-se todo e a bola entra pela malha lateral.





A Alemanha é campeã mundial pela terceira vez (1954, 1974, 1990). O meu pai faz o relato do jogo, directamente do Olímpico de Roma. Mais de dez anos depois, já em pleno século XXI, estamos de férias, a curtir uma esplanada. Um senhor aproveita a presença do meu pai e atira-lhe, ‘ò sô Rui, e aquele penálti do Alemanha-Argentina é ou não é?’

Manuel Rivas

Fernando Rivas. Compagino mis estudios superiores en ingeniería informática con colaboraciones en distintos medios digitales. Me encanta la el periodismo de investigación y disfruto elaborando contenidos de actualidad enfocados en mantener la atención del lector. Colabora con Noticias RTV de manera regular desde hace varios meses. Profesional incansable encargado de cubrir la actualidad social y de noticias del mundo. Si quieres seguirme este es mi... Perfil en Facebookhttps://www.facebook.com/manuel.rivasgonzalez.14 Email de contacto: fernando.rivas@noticiasrtv.com

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